sexta-feira, 3 de abril de 2009

O fim dos marretas

- Está?! Fozzie?! Daqui fala o Gonzo, vou passar uns dias em Manchester e era para perguntar se ainda moras por aí e se queres combinar um café ou tomar um copo ou assim.
- Gonzo?!?! Fogo, há quanto tempo…Claro que sim, diz-me quando vens e é só combinar…fogo, que cena…
- Epá, amanhã à tarde já vou estar por aí, devo ficar numa pensão ou num hotel qualquer e podíamos beber um copo por aí…
- Ok, ok, combinadíssimo. Liga-me amanhã então!
Dei por mim no comboio a caminho de Manchester, na verdade não sabia exactamente ao que ia. Andava perdido, tomado por um vazio angustiante e procurava-me, acho que perseguia a redenção. Todos os amigos que tinha foram-se com o dinheiro e com a fama, estava agora sozinho, completamente sozinho. Sentei-me ao lado da janela e fui vendo o tempo passar, de um azul corrido, a terra a ficar para trás, a melancolia cavalgando a paisagem afugentando os pássaros sem rumo, contemplando a inquietação das recordações que me encheram os olhos de algumas lágrimas negras que me atravessavam lentamente o longo nariz e ia sorrindo lembrando-me dos bons tempos do programa, a fama, o dinheiro, os copos, as festas, o dinheiro, as mulheres, tudo. Mas tudo se perde, tudo se perdeu. O comboio continuou sempre de forma linear seguindo ordeiramente a linha-férrea até à estação de Piccadilly, por entre o meu sono cavado.
Agarrei na minha mochila, uma Eastpack velha e riscada, com uns quinze anos talvez, e saí do comboio. Vi-me um pouco perdido por ali, no meio de uma multidão que seguia desarranjadamente não sei para onde, embora me sentisse confortável naquele sítio. Pedi algumas informações a um miúdo carrancudo, todo vestido de preto e pintado e com uma crista vermelha, neo-punk ou algo que o valha, e saí dali em busca de uma pensão barata e agradável, essencialmente barata, visto a conta, em tempos recheada, encontrar-se agora despojada. Andei uns dois quilómetros até encontrar uma pensão manhosa – there goes one hotel - que ficava imbricada num beco, um prédio velho e não muito alto, indicada por um tipo de andar estranho, erguia exageradamente os joelhos como se de barbatanas andasse, que me olhou com olhos de quem me estava a reconhecer,
- Desculpe, conheço-o de algum lado?! Disse-me desconfiado de mãos perdidas no fundo dos bolsos.
- Penso que não, nem sequer sou de Manchester, estou apenas de passagem, objectei a fugir agradecendo com um erguer de punho fechado e polegar arrebitado e um sorriso esguio.
Cheguei ao meu quarto, após me ter cruzado com uma insidiosa gata arraçada que vagueava pelo corredor num vogar vespertino, número vinte e sete dizia a plaquinha rachada pregada na porta, e sentia-se o mofo a flutuar pelo quarto, temperado com alguns pentelhos dispostos erraticamente pela colcha cravada de losangos às cores, lembrou-me umas mantas antigas que aqueciam a casa da minha avó. O vazio e o tédio estão cada vez mais difíceis de aguentar. Encostei-me um pouco a ver televisão enquanto fazia tempo até me encontrar com o Fozzie que já não via havia anos, - como será que estava? Pensei. A televisão, de um vermelho pequenino, não passava nada de jeito e o barulho da alguma chuva que havia tomado o ecrã era irritante, mas não tinha mais com que me entreter. Enviei uma mensagem ao Fozzie, - Como é, o copo mantém-se? A que horas e onde combinamos? E continuei por entre o aguaceiro que banhava a televisão vendo uma merda de um programa manhoso da MTV em que a mãe e a avó disputavam a namorada da filha e neta, respectivamente. O telemóvel apitou e vibrou no preciso momento em que abria um pacote de maltesers que tinha comprado na estação de comboios, um pequeno roubo, vício de miúdo, - Claro que sim! Podemos encontramo-nos daqui a pouco em Piccadilly na Aytoun Street e jantamos por lá, que achas? – Às 21h então. Abraço, respondi escrevendo a mensagem com uma só mão, enquanto, com a outra, vazava velozmente, até meio, o pacote de maltesers. Fui tomar um duche rápido, a água, baça e pesada, massajava-me a nuca e o corpo, encostado à parede, perdido por entre o vapor que entretanto se tinha levantado, - Engraçado, não faço ideia de como vim aqui parar, na busca de passado, de redenção e perdão, nem sei bem porquê…talvez seja a única solução para continuar a viver, pensei alto por entre repuxos de água que ia esguichando contra a porta do duche.
Vesti-me num ápice, engraçado como já não ligava àquilo que vestia, e saí da pensão, por umas escadas íngremes feitas de um carvalho gasto e escuro, deixando as chaves na recepção com um tipo de pele avermelhada e sorriso pedófilo na cara, que pela atrapalhação devia estar a consultar sites de conteúdo menos próprio.
Fui andando, discretamente, pedindo informações aqui e ali até conseguir chegar à Aytoun Street, onde o Fozzie já se encontrava à minha espera. Reconheci-o imediatamente apesar de ter engordado imenso, uns cinquenta quilos. À parte disso pouco tinha mudado, sorriso rasgado e parvo, nariz rosa, delator do seu vício de sempre pela pinga, pêlo castanho, agora esguedelhado, e o mesmo minúsculo chapéu castanho de anos.
- Gonzo, há tanto tempo!!! Disse-me abraçando-me sentidamente, embora dificultado pela grande barriga, barril de cerveja, que transportava agora. - É verdade, não quero parecer lamechas, mas, fogo, tinha saudades tuas pá, há tanto tempo que não te via…aliás, do pessoal dos marretas já não tenho contacto com quase ninguém…
- Pois, a última vez que nos vimos foi no funeral do Scooter há uns quatro anos, depois do desastre do gajo, que perda pá…retrucou olhando para o céu com um ar ascético,
- Epá, vamos comer qualquer coisa ali ao Indian House, um restaurante pequenino onde costumo ir, que fica ali naquela esquina, come-se bem, tem uns bifes com molho de mostarda de bradar aos céus, bebe-se melhor ainda e é baratinho. Confesso que inicialmente me senti um pouco estranho ao olhar para um dos meus melhores amigos e ficar, de certa forma, incomodado, por vezes sem saber bem o que o dizer, embora a cerveja e o vinho que fomos bebendo, que temperava os dois bifes bem servidos, ter quebrado o gelo e dois copos que tombei com o cotovelo direito, sinal do álcool que me já alegrava o sangue. A noite destilava agora bem num desassossego crescente.
- Então e a Miss Piggy, está tudo bem? Esse casamento? Perguntou inocentemente numa curiosidade felina.
- Epá, não gosto muito de falar nisso, mas enfim. Separámo-nos. A tipa fugiu com o Animal, é uma puta como todos sabíamos, só eu é que andava iludido. Ainda andei fodido por uns tempos, bares e álcool, completamente por tudo, sem rumo, mas caguei. Não vale a pena, disse-lhe tentando desvalorizar a minha ainda perturbação com toda a história.
- Não fazia ideia. Desculpa ter perguntado, disse-me embaraçado.
- Na boa, só fico triste por ter perdido o meu melhor amigo por causa dessa puta. É verdade, sabes alguma coisa do Cocas? Interroguei-o com um brilho ambíguo nos olhos.
- Epá, há algum tempo que não o vejo, mas o gajo andava todo fodido, acho que alcoólico, ainda andou metido na coca e noutras merdas, arrastava-se na ilusão de tocar e sei que andava a tocar nalguns bares, acho que mora em Cheshire, em Macclesfield. Desculpa dizer-te, mas o gajo desde que a Miss Piggy o deixou para começar a andar contigo nunca mais foi o mesmo. Ainda se tentou suicidar umas quantas vezes, segundo sei.
- Pois, e percebo-o. De certa forma, foi uma facada nas costas e éramos os melhores amigos na altura, mas sabes como a Miss Piggy era, irresistível, uma oferecida…na altura era novo e sempre tinha tido uma panca pela gaja, que me conseguiu dar a volta à cabeça na cama, enfim. Ainda tentei falar algumas vezes com ele, telefonei-lhe e escrevi-lhe, mas nunca me respondeu sequer. Acho que vou até Macclesfield tentar encontrar-me com ele, aquilo também não é muito grande, sou capaz de o conseguir encontrar por lá…que achas? Disse num tom róseo do copo de vinho que tinha acabado de beber quase de estalo.
- Iá, vai a bares, ele toca por lá, aliás, a última coisa que soube dele foi que recentemente começou mesmo a ter algum sucesso, acho que gravou uma cover qualquer e uma editora boa quer contratá-lo, li na net, num blogue qualquer…respondeu-me num tom já alto e grogue.
- Vou à casa de banho e volto já, repliquei comendo já as palavras, que tinham dificuldade em sair pela garganta algo apertada.
Tentei levantar-me e quase caí para o lado, por entre os risinhos de duas tipas que estavam na mesa do lado, lançando charme puído por um leve travo a sexo, fruto da grande bebedeira que já levava, já tínhamos bebido três garrafas de um vinho francês finório e forte, esvaziadas em menos de duas horas, e lá me arrastei até à casa de banho minúscula e tombada. Quando dei por mim andávamos estrompidamente pelas ruas de Manchester com as duas tipas, pintadíssimas de mau gosto, mas que por esta altura já me pareciam modelos da victoria’s secret, anjos exterminadores de longas asas, que nos tinham reconhecido, crianças na altura em que nos viam embasbacadas em frente à televisão, e se colaram a nós e lá fomos arrastados pela nossa fama patética até um pub extremamente mau, vestido de camisolas assinadas de clubes, manchesters e arsenais, música de megera ao vivo, que já pouco discernia e dançava movido pela força do álcool que me ia embalando, por entre canecas, escorrendo, que não paravam de marchar ruidosamente, pé ante pé, por cima do balcão. Demos por nós a cantar uma merda qualquer, pelos vistos o hino do Manchester City, no meio de uma claque que grunhia estrondosamente,
- Grande noite Fozzie, gritei-lhe enquanto uma das tipas me apalpava o rabo.
- Foda-se, podes crer, disse-me felicíssimo, agarrando barbaramente a irmã, que lhe ia fazendo festinhas na barriga descomunal, enquanto ria desalmadamente e bebia um cocktail vermelho com uma floresta lá dentro que sabia a base. Acabamos num bar chamado Velvet, acho, cheio de paneleiros e putas endomingadamente vestidos de cores garridas e fluorescentes que iluminavam a sala e gritavam estridentemente a testosterona que lhes saltava pelos ouvidos e narizes, e dançámos ora entre passos de dança ridículos que animavam com enlevo a noite, ora agarrados, bem agarrados, à Kim e à Jessie, irmãs de sangue e de engate, ao som de umas músicas antigas de mau gosto dos anos oitenta e noventa, êxtase de uma noite bebida e transpirada, até uma delas me cochichar algo ao ouvido e acabarmos na cama,
- Despe-te toda, menos as meias pretas e os saltos…
Acordei com a cabeça inchadíssima de ressaca com a Kim deitada ao meu lado, semi-nua e com a maquilhagem palmada nos chineses toda esborratada e pensei, - foda-se, que merda, mas não sei porquê, ainda assim, sorri num estrabismo confuso de pós-bebedeira.
Comecei a arrumar as coisas por entre a roupa e restos de preservativos e papel higiénico espalhados pelo chão do quarto da madrugada de bródio, até a gaja acordar,
- Bom dia, sussurrou numa voz terna e rouca.
Arrumei num instante a mochila, e convidei-a para tomar o pequeno-almoço – um litro de coca-cola e uns salgadinhos. Era feia, mas de corpo nem era má, embora se vestisse mal como a merda, com um ar putinha de bordel de beco e a roupa toda engelhada da noite de graça que me facultou. Despedimo-nos com um beijo na boca mal amanhado, e um,
- Até um dia destes, disse-lhe fugidiamente.
- Se apareceres em Manchester telefona-me, disse-me embora pouco convencida de que lhe ligaria alguma outra vez.
Meti-me num táxi até à estação de comboios e apanhei um comboio até Macclesfield. Tinha os olhos pintados de um vermelho sangue, para além da azia que me comia o estômago, ainda vomitei uma vez na casa de banho do comboio, e depois resolvi dormir um pouco, durante o comprido do dia, sob o olhar censor e crítico de uma velha, com uma carapinha cómica e ar sisudo, que não parava de me fitar seriamente, julgando-me e condenando-me no imediato sem sequer me permitir alegar.
Acordei já em Macclesfield a entrar numa pensão, esta um pouco melhor, enquanto pagava duas noites ao tipo da recepção, cem libras, que me recebeu de pés erguidos no balcão, enterrado na cadeira caída para trás, e me atirou as chaves como se de uma bola de basket se tratasse, por entre um,
- Tenha uma boa estadia.
Pousei a mochila e dormi novamente, até à hora de jantar, de barriga para baixo agarrado a uma almofada de um branco lavado e quadrada. Desci e perguntei ao tipo da entrada se conhecia o Sapo Cocas, um músico que vivia ali por Macclesfield e que supostamente andava a tocar em alguns bares,
- O tipo dos Marretas?! Perguntou-me imediatamente.
- Exactamente,
- Sim, sim, o bêbado, afirmou sorrindo. Ele costuma tocar em bares, é verdade, e hoje, se não me engano, vai tocar no Ronnies Bar, que fica perto da Barton Street, lá para as 23h, respondeu-me num tom de algum escárnio.
- Agradeço-lhe imenso, retorqui saindo por entre as portas emperradas do hotel.
Fui até um barzinho com um aspecto singular, onde comi uma óptima tosta que me voltou a alegrar, e segui novamente caminho enquanto pensava sobre qual seria a reacção do Cocas ao ver-me tanto tempo depois, tendo em conta tudo aquilo que lhe fiz. - Foda-se, se ele soubesse o arrependimento que me vai na alma. Se pudesse recuar no tempo e apagar todas as burrices que fiz…, pensei enquanto pisava à vez os quadrados pintados da calçada do passeio. Engraçado como chegamos a determinada altura das nossas vidas e ficamos felizes com pequeníssimas e insignificantes coisas como comer uma tosta melhor do que aquilo a que estamos habituados, frango extra com maionese de alho, muita cebola e tomate e orégãos, é estranho este envelhecer e ainda mais estranho o desaparecer de todos os amigos em troca de um mero baú da memória vazio, carpido pelas lembranças que nos foram criando sem nos avisar da partida. Vagueei ainda cerca de uma hora pelas redondezas até chegar perto do Ronnies, a entrada era manhosa, com umas luzes de néon vermelhas que iam piscando à vez, dignas do melhor alterne, com um porteiro enorme, igualzinho ao Robocop, que me pediu dez libras para entrar, na sua voz metálica, com direito a um whisky. Fui direito ao balcão que nem um tornado, ainda encalhei numa mesa e tombei um cinzeiro transparente cheio de cinza e beatas mal acabadas, beber rapidamente qualquer coisa - estava nervoso com o encontro. Depois do whisky, bebi uma caneca em pouco mais que três goles e dois caucasians, bem fortes, até o concerto começar. O Cocas estava cadavérico de magreza, os olhos continuavam brancos mas ainda mais esbugalhados e grandes e a sua tez era agora de um verde acizentado, apagado, fruto da erosão do tempo, parecia ter uns cinquenta anos e a voz urdia roucamente versos de uma plangência e mágoa intrigantes. Não me viu, estava encostado ao balcão, era talvez o único verdadeiro amigo que tive, pensei enquanto cuspia fumo para cima do cabelo de uma tipa com ar de quenga que irritantemente me tapava a visão. Foi tocando, com o bar apinhado de miúdos em polvorosa para o ver e ouvir, e não é que aquilo era mesmo bom?! Começou a dedilhar uns acordes, numa repetição cadenciada da guitarra, que silenciaram a sala, no eco das suas palavras criando um âmago de imagens febris, estava a tocar uma cover da hurt dos Nine Inch Nails, reconheci, parecia o Johnny Cash, e arrepiei-me. O refrão fez-me lacrimejar, “no que é que me tornei, todos os que conheço vão-se embora no fim”, as lágrimas foram correndo embaraçosamente pela cara enquanto as encobria com a manga da camisa e bebia, emotivamente, mais umas imperiais, tomado por um arrepio colossal que me irrompeu espinha adentro, enquanto o Cocas ia cantando aqueles versos tristíssimos, sentindo-me só como nunca havia sentido até ali. O concerto acabou e todos bateram palmas fulgorosamente, e bati palmas, de pé, por largos minutos…Que concerto enorme, nunca tinha sentido algo assim, tão magnificente. Quando a sala começou a esvaziar mais, aproximei-me, por entre as pitas histéricas aos gritinhos que procuravam à força autógrafos e todas as marcas que lhes fossem concedidas, até que me viu, olhando-me estático. Aproximei-me, e apesar de já toldado, o meu coração pinchava-me o tórax com uma força desmedida rasgando-me quase a camisa,
- Gonzo, tu por aqui, disse-me sem demonstrar qualquer emoção, apesar de notoriamente aturdido.
- É verdade, há quantos anos Cocas. O concerto foi mítico, adorei pá. A sério, disse-lhe numa sinceridade patente.
- Obrigado. Mas diz-me Gonzo, o que queres de mim? Ripostou friamente. - Cocas, gostava de falar contigo, pedir-te desculpa, explicar-me, saber de ti, ainda és o meu melhor amigo, isto é, na verdade não tenho amigos já, não tenho ninguém, tenho vergonha do que te fiz, perdi a única pessoa com quem podia realmente contar, o que me marcou a vida. Anos a pensar nisto, em querer voltar atrás e apagar tudo.
- Hum, já passou muito tempo…A Piggy? Perguntou-me desinteressadamente. - Fugiu com o Animal há três ou quatro anos, respondi-lhe, ao mesmo tempo que me observava com os seus grandes olhos brancos, respondendo-me,
- Na altura entrei em colapso com tudo o que aconteceu, disse que nunca te perdoaria, nem a ti nem à puta, mas éramos miúdos, a fama do programa, de uma forma ou de outra, corrompeu-nos a todos, e sim, todo este tempo depois, apesar de tudo, és o único verdadeiro amigo que tive, respondeu-me num olhar agora aberto,
– A mágoa já lá vai, percebi que não vale a pena, não vale mesmo. Vamos embora daqui. Vamos beber um copo por aí, quero saber tudo Gonzo, e caminhamos e desaparecemos lado a lado, como em tempos, pelas ruas de Macclesfield, sob o som da lua enorme e brilhante, estranhamente não embuçada pelo habitual nevoeiro britânico.

1 comentário:

ehhhhhh